Doce de Figo & Gengibre
Olá pessoal! Aqui é a Rita. Infelizmente não temos partilhado muitas receitas nos últimos tempos e a culpa é toda do meu mestrado (ou minha por ainda não o ter terminado...). Estou a trabalhar na minha dissertação e tem sido uma tarefa que consome todo o meu tempo. Mas folgo em dizer que está quase (YAY) e que dentro de em breve voltaremos ao nosso ritmo habitual. Seja como for, não podia deixar passar esta altura do ano sem partilhar convosco esta receita especial. Esta receita é particularmente especial porque nasceu da necessidade de dar uso aos figos maravilhosos do quintal dos meus avós.
Eu e os meus avós somos muito chegados. Eles ficaram comigo e tomaram conta de mim durante o meu primeiro ano de vida, enquanto ambos os meus pais completavam os seus estudos. Até aos nossos anos de adolescentes, eu e a minha irmã almoçávamos e jantávamos na casa deles, eles deixavam-nos na escola e iam-nos buscar também. Ajudavam-nos em todas as nossas tarefas e estiveram presentes para comemorar todos os bons momentos e para redireccionar os maus. Vivem numa casa que a minha avó herdou da sua tia e madrinha. No quintal das traseiras, têm uma figueira enorme que, segundo as suas histórias, tem mais de 100 anos. É uma árvore nobre e sábia que, escusado será dizer, nos oferece centenas de quilos de figos todos os verões. Ainda não me dei ao trabalho de fazer as continhas, mas digamos que o meu avô apanha 15-20 kgs de figos a cada dois ou três dias, durante dois meses consecutivos. Eu e o André juntamo-nos a ele de vez em quando, para o ajudar a apanhar os figos que estão nos ramos bem lá em cima. Afinal de contas, o avô tem 85 anos e só a ideia de o ver empoleirado num escadote nos dá a volta à cabeça.
Foi precisamente o meu avô que me ensinou tudo o que sei sobre figos. Só se apanham os que têm a pele rachada. Os figos pretos são os menos comuns e, teoricamente, os melhores (mas eu sou fã dos verdinhos!). Nem todos os figos podem ser secos, e estes em particular, não podem. Pode-se comer a pele desde que estejam bem lavados, mas pode deixar os lábios peganhentos e dormentes. A seiva da figueira pode desencadear uma reacção adversa na pele e pode até deixar marcas de queimaduras. Mas na realidade, o facto mais importante a rever aqui é que os figos são uma delícia e uma verdadeira dádiva da natureza. E o que é que o meu avô faz com estas delícias todos os verões? Anda pela cidade com baldes e alguidares de figos e oferece-os a alguns sortudos: ao Refúgio Aboim Ascensão, aos lares de idosos, a organizações de caridade, à farmácia ao pé de casa, a todos os vizinhos da redondeza e... a mim. Eu recebo uma bela dose de figos todos os anos e entre os 30-40 figos que como diariamente (SIM, E NÃO ENGORDA), os figos que damos à família do André e a uma vasta colecção de amigos, ainda nos sobram 3-4 quilos de figos por semana que acabam por ficar sozinhos e abandonados numa prateleira no frigorífico. (continuar a ler em baixo)
E eu não posso simplesmente deixar que estes figos sejam desperdiçados! Então comecei a fazer uma versão deste doce há dois anos e aperfeiçoei a receita no ano passado. Agora, está na hora de a partilhar com todos vocês. Normalmente faço logo 3-4 quilos de figos numa panela gigante mas calculei que talvez fosse demasiado para vocês. Bem, se calhar até 1 quilo de figos é demasiado... Mas podem muito bem cortar a receita pela metade, que quiserem. Apenas registem que se fizerem apenas metade, demorará menos que 1 hora e 45 minutos a cozinhar.
Agora falemos de especificidades. Este doce é tão saudável quanto possível, uma vez que não tem quaisquer açúcares refinados ou conservantes artificiais. O limão dá um toque ácido e refrescante e o gengibre torna as coisas bastante mais interessantes (e picantes). Quanto ao adoçante, optámos novamente pela rapadura. Se nunca ouviram falar de rapadura, saibam que é um açúcar integral feito a partir da seiva de palmas de tâmaras ou da cana de açúcar, tradicionalmente feito e consumido na Índia. Entro em mais pormenor no nosso post destes Muffins de Cenoura & Laranja e também é o adoçante de escolha na receita do nosso Bolo de Chocolate & Amêndoa. E por último, a canela. Só porque sim. Experimentem pessoal! Espero que esta receita se torne tão especial para vocês quanto é para mim.
DOCE DE FIGO & GENGIBRE
2 horas 15 minutos | faz 800 ml.
INGREDIENTES
1 kg. figos frescos e maduros
1/2 chávena | 60 gr. rapadura
raspa e sumo (cerca de 3 c. sopa) de 1 limão
30 gr. gengibre, descascado e ralado
1/2 chávena | 125 ml. água filtrada
1 pau de canela
PASSO A PASSO
Começar por reunir, preparar e medir todos os ingredientes. Vai melhorar a vossa dinâmica na cozinha.
Lavar gentilmente os figos e remover os caules, se os houver.
Espalhar os figos sobre uma toalha seca e lavada e deixar secar durante 5 minutos.
Cortar os figos em quartos e colocá-los numa panela com o resto dos ingredientes.
Misturar vigorosamente e até esmagar!) os ingredientes e colocar a panela sobre lume alto.
Assim que a misturar começa a ferver, reduzir para lume médio baixo.
Deixar cozinhar durante 1 hora e 45 minutos, misturando a cada 10 minutos.
Assim que estiver pronto, retirar do lume e deixar arrefecer durante cerca de 15 minutos (para evitar queimaduras durante os passos seguintes!).
Colocar o doce num frasco de vidro com a ajuda de uma colher e deixar arrefecer completamente antes de fechar com a tampa e colocar no frigorífico.
Guardar no frigorífico até 6-8 meses.
ESPERAMOS QUE GOSTEM!
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